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Uma visão linguística do ensino híbrido

Uma visão linguística do ensino híbrido

A comunicação em sala de aula mobiliza todos os sentidos e mediada por objetos ao nosso redor estrutura a interação entre as pessoas que constituem as situações de aprendizagem. Podemos comunicar conceitos, por exemplo, apresentando vídeos ou imagens e por vezes nem precisa ter som e já podemos analisar aquele vídeo com os estudantes. Nos comunicamos com estudantes também por textos que podem ser lidos e discutidos em uma atividade de estudo dirigido.

Essas são formas de criar situações nas quais a mensagem é passada através de uma mídia. 

A educação de estudantes cegos, surdos ou estudantes com outras necessidades especiais depende ainda mais do cuidado com a qualidade da comunicação. 

A comunicação pode ocorrer por diferentes gêneros e diferentes plataformas, como jornais, programas de TV, Internet e outros. As mensagens veiculadas por esses suportes e mídias são apropriadas, discutidas e refletidas de formas complementares e assim a comunicação se faz. 

Levamos milhões de anos para desenvolver as habilidades relacionadas à linguagem, linguagens corporais e objetos em nossa comunicação. Podemos falar em milhões de anos que educamos e socializamos gerações utilizando essa comunicação situada no contexto, no corpo e na fala. Nas últimas décadas apenas, começamos a nos apropriar e utilizar mídias digitais em nossas comunicações. 

Considerando a linha de tempo de evolução da raça humana, dezenas de anos são apenas uma pequena ‘fração de segundo’. 

De repente, nos deparamos com artefatos que podem gravar uma explicação, capturar meu gesto e mandar para os alunos antes do momento de encontrar com ele. Essa situação é relativamente nova em todas as culturas do planeta, em particular na prática educativa, e acaba sendo um tanto quanto inusitada, pois ao longo de nossa história evolutiva nos habituamos a usar todos os sentidos para nos comunicar.

Como a comunicação acontece nos meios digitais?

As tecnologias digitais permitem combinações, variações e novas possibilidades de comunicação distintas da interação natural face-a-face e presencial que estamos habituados e as quais estamos afeitos. 

Vejamos uma comparação relacionada à atuação do profissional de educação. Imagine que você está em sala de aula e eventualmente percebe que um estudante mostra em sua feição que não compreendeu o que foi explicado e você reconheceu o sinal em sua face. A incompreensão é acompanhada de algum sinal de angústia ou insegurança. Então você pergunta ‘você entendeu?’ e então confirma que ele não entendeu. É uma comunicação extremamente sofisticada. Imagine agora a mesma necessidade de interação através de plataformas digitais utilizando combinações modos de comunicação através de mídias digitais. Por um lado, perdemos essa possibilidade de fazer a leitura dos sinais emanados pelos estudantes. Por outro lado, as plataformas digitais possibilitam uma infinidade de novos cenários de aprendizagem. Podemos afirmar que esses não são nem melhores, nem piores que a interação em sala de aula. São apenas diferentes. Elas alteram a temporalidade e a materialidade da comunicação. Isso nos dá a possibilidade de usar os momentos que antecedem um encontro em sala de aula para ampliar e enriquecer as interações em sala. Podemos ainda revisitar e prolongar a interação em sala com registros digitais após as aulas. O ensino híbrido fica distribuído em tempo e lugares distintos.

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