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Como a autoridade em sala de aula é percebida pelos alunos?

Como a autoridade em sala de aula é percebida pelos alunos?


É frequente considerar os professores como figuras de poder dentro da sala de aula, como se houvesse uma ligação intrínseca entre essa posição e a função que desempenham. Além disso, frequentemente se associa a autoridade à obediência, com a sociedade acreditando que esta decorre daquela. No entanto, a realidade é inversa.

De acordo com José Sérgio Fonseca de Carvalho, professor de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da USP, nem toda obediência resulta de uma relação de autoridade. Ele usa o exemplo de uma situação de assalto para ilustrar seu ponto de vista: a pessoa que está sendo assaltada não considera o assaltante armado como uma figura de autoridade.

A diferença em relação ao ato de obediência

“O que, na minha opinião, caracteriza a autoridade é o fato de que a obediência, que de fato ocorre, é uma obediência dada livremente, ou seja, quem obedece o faz porque reconhece a legitimidade daquele a quem está obedecendo”, explica o professor. Em outras palavras, alguém só se torna uma autoridade quando essa posição é consentida.

Portanto, quando um familiar ou um professor recorre à violência, é porque perdeu sua autoridade. Segundo o professor, a autoridade sempre implica uma relação de confiança. Ele também ensina que a palavra “confiança” tem origem no latim “confidere”, que significa “ter fé” ou “dar crédito”: “Eu exerço autoridade quando alguém tem fé e confia em mim, atribuindo-me um certo conhecimento. Essa parece ser a essência da autoridade”.

Autoridade na sala de aula: uma relação semelhante

E como essa relação se aplica à sala de aula? Para Carvalho, ela é análoga. “Conferimos autoridade ao professor em quem confiamos e o fazemos porque esse professor geralmente fala em nome de algo que transcende o momento presente”, afirma. O professor representa uma instituição de ensino ou uma disciplina, por exemplo.

“Em geral, respeitamos e reconhecemos a autoridade, sobretudo daqueles professores que incorporam os valores da escola, da universidade e da área que ensinam”, acrescenta o professor. No entanto, essa relação deve ser superada. Não se trata de uma autoridade inquestionável, como a do Papa, por exemplo.

Na opinião do professor, um sinal de uma boa educação é o enfraquecimento dessa relação de autoridade na sala de aula ao longo do processo de aprendizagem. A assimetria entre alunos e professores tende a diminuir com o tempo, e o objetivo ideal seria eliminar essa assimetria no final do processo educativo do ensino básico.

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