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Pesquisa inédita revela necessidade de formação continuada

Pesquisa inédita revela necessidade de formação continuada

A pesquisa de opinião “Percepções e Desafios dos Anos Finais do Ensino Fundamental nas redes municipais de ensino”, conduzida pelo Itaú Social em colaboração com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), destaca a formação contínua dos professores como um dos principais desafios enfrentados pelas secretarias municipais de Educação.

Nas redes que oferecem os anos finais (6º ao 9º ano), quase metade delas (49,2%) fornece formações para professores uma vez a cada dois meses, enquanto 26,1% oferecem uma vez a cada seis meses, e apenas 6,8% disponibilizam uma vez ao ano. As proporções são semelhantes quando se trata de oferecer formação para outros profissionais, como diretores escolares, coordenadores pedagógicos e pessoal administrativo.

A pesquisa, realizada entre 18 de maio e 26 de junho deste ano, envolveu 3.329 dirigentes de ensino com o objetivo de entender os principais desafios na oferta e gestão dos anos finais do Ensino Fundamental e identificar oportunidades para superar essas questões. O estudo abrangeu respostas de 60% de todas as redes municipais do Brasil, que atendem a 64% do total de 5,3 milhões de estudantes nessa etapa na rede pública.

O estudo também enfatiza os temas abordados nas formações oferecidas. De acordo com as redes municipais que fornecem formação mensal, os tópicos pedagógicos são os mais frequentes, incluindo abordagens lúdicas, críticas e participativas de aprendizagem (30,4%), uso de metodologias que promovam a aprendizagem autônoma e participativa (26,9%), e conteúdo específico das áreas e disciplinas do currículo (28,4%).

No entanto, a pesquisa revela que existem temas essenciais para lidar com os desafios e peculiaridades dos anos finais que não são oferecidos nas formações contínuas. Estes incluem conteúdos relacionados às mudanças e desenvolvimento da adolescência dos estudantes (19,4%), implementação de conteúdos sobre história e cultura africana e afro-brasileira (19,8%), e abordagens específicas para corrigir a distorção idade-série e as trajetórias educacionais (14,4%).

A falta de material pedagógico para aplicar o conhecimento adquirido nas formações em sala de aula é citada por 47,7% das redes como um desafio mais difícil nessa etapa. Além disso, a frequência dos profissionais nas formações é um desafio mais significativo, com 51,7% das respostas, sendo menos acentuado na região Sul, onde o índice é de 39,1%.

A adesão dos profissionais também é uma preocupação mais premente nos anos finais em comparação com os anos iniciais, com 55,1% das menções, sendo mais acentuada no Nordeste, atingindo 60%.

A pesquisa destaca a importância da compreensão do processo de adolescência e das especificidades individuais e contextuais para o sucesso das políticas educacionais no final do Ensino Fundamental. Além disso, ressalta a necessidade de esforços para lidar com fatores críticos nesta etapa, incluindo gestão escolar especializada, reorganização das escolas, volume e adequação do trabalho docente, correção da distorção idade-série, maior envolvimento dos estudantes, parceria entre famílias e escolas, estratégias para os anos de transição e um currículo ampliado em busca da educação integral.

Apesar dos desafios, a pesquisa revela que 69,7% das redes recebem apoio das secretarias estaduais para fornecer formação aos gestores e professores. Esse apoio estadual varia em termos de ações, incluindo o acompanhamento dos progressos educacionais das redes municipais (66,3%) e a realização de formações para gestores e professores (69,7%). No entanto, as redes do Sul relatam receber menos apoio em comparação com outras regiões, com menos de 40% em ambas as categorias de suporte.

A pesquisa destaca a necessidade de um Sistema Nacional de Educação para garantir a coordenação entre os sistemas de ensino e enfatiza a importância de políticas integradas e cooperação federativa respeitando a autonomia e diversidade dos municípios. Ela também enfatiza a importância de políticas que considerem as transformações físicas e emocionais pelas quais os adolescentes passam e promovam oportunidades de acolhimento, escuta ativa e colaboração.

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