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Da Transformação Digital às metodologias híbridas

Da Transformação Digital às metodologias híbridas

Os desafios impostos aos humanos pelas contínuas transformações do planeta e dos modos de produção impõem uma imensa pressão sobre os sistemas nacionais de Ensino Superior em todos os países.

Os desafios globais, como o aquecimento global e crises sanitárias, inserem nos programas de formação elementos que conectam os profissionais desde as suas formações iniciais a problemas e desafios globais (Reimers, 2020.a, 2020.b).

Os longos caminhos até a apropriação plena de novos métodos de ensino e tecnologias digitais no Ensino Superior, que se estendem desde o final dos anos 1970, parecem insignificantes diante dos desafios da formação de profissionais que consigam participar plenamente, em todas as áreas de atuação, da construção de estratégias que visem mitigar cenários distópicos, como a acelerada concentração de renda e a irreversível tendência a tornar o trabalho humano desnecessário.

As modalidades híbridas, mistas e, sobretudo, ativas inserem-se nessa tendência de conceber e aculturar metodologias de ensino e aprendizagem que melhor engajem e promovam o desenvolvimento dos estudantes e professores (Raabe, Gomes, Bittencourt, & Pontual, 2016). Na prática, novos conjuntos e combinações de situações didáticas somam-se às experiências das aulas expositivas.

Considerando a velocidade com a qual ocorrem as contínuas mudanças de cenários nos ambientes produtivos, assim como os desafios globais, impõem-se contingências às empresas de todos os setores, governos e academia.

O setor de Educação é exigido a fornecer respostas que permitam uma rápida adaptação às novas situações contingentes e ao desenvolvimento de competências profissionais ao longo da carreira, de modo a permitir que enfrentem os desafios da empregabilidade e da atuação plena (Harris, Kimson, & Schwedel, 2018).

Se, por um lado, a automação pode resolver um problema aumentando a produtividade e potencializando o crescimento, ela cria problemas ao eliminar milhões de empregos e suprimir os salários de muitos trabalhadores. Esses cenários futuros iminentes criam desafios para os sistemas de ensino que precisam decidir rapidamente quais profissionais formar e de que maneira.

Considerando que a grande parte das habilidades necessárias são relativas a competências e habilidades relacionadas à resolução de problemas, colaboração e design, as didáticas mistas são escolhas eficazes, ao combinarem diferentes maneiras de interagir, manipular representações e lidar com situações envolvendo conceitos, habilidades e competências.

Permitir que os estudantes interajam com o mesmo conteúdo em diferentes situações pode tornar o aprendizado mais significativo. A variedade de situações sinaliza mudanças nas práticas de desenvolvimento de competências, que podem incluir a manipulação de objetos e representações, visitas a locais e pessoas, observação de fenômenos, produção de mídias e materiais, leitura e reflexão de textos, participação em debates, encenação de ações e atividades, interações online, videoconferências e palestras de outras pessoas. Ou seja, a combinação ou a variabilidade das situações didáticas, físicas e digitais, presenciais e a distância.

Metodologias mistas orientam a realização articulada de um leque de situações centradas no desenvolvimento de uma mesma habilidade, o que aumenta a efetividade das metodologias ao visar o desenvolvimento de um campo conceitual específico ou de habilidades profissionais específicas (Sung, Kwon, & Ryu, 2013).

Há ainda outra variação possível para as metodologias mistas, além da variação dos tipos de atividades, da variação das estruturas físicas do espaço, da variação do tempo das interações e dos tipos de mídias empregadas (Akyol, Garrison, & Ozden, 2019).

Dizemos que as metodologias híbridas ocorrem quando orientadas pela articulação de abordagens teóricas e epistemológicas sobre o desenvolvimento das pessoas em uma mesma situação didática. Podemos imaginar a articulação de situações didáticas que partem de distintos princípios e pressupostos sobre o ser humano e o processo de aprendizado.

Texto adaptado de:

GOMES, Alex Sandro. Da transformação digital à transformação pedagógica: design de experiências de aprendizagem. In: MARQUES, Célio Gonçalo; NATA, Ana; RODRIGUES, Ana; AIRES, Maria Luísa; CRAVINO, José. Do Ensino de Emergência à Transformação Digital: Livro de Comunicações e Pôsteres do eLIES2021. 1. ed. Lisboa, Portugal: Universidade Aberta, 2022. v. 1, cap. 1, p. 1-10. ISBN 978‐972‐674‐911‐0.

Referências:

Akyol, Z., Garrison, D. R., & Ozden, M. Y. (2009). Development of a community of inquiry in online and blended learning contexts. Procedia-Social and Behavioral Sciences, 1(1), 1834-1838.

Harris, K., Kimson, A., & Schwedel, A. (2018). Labor 2030: The collision of demographics, automation and inequality. Bain & Company, 7, 63.

Raabe, A. L. A., Gomes, A. S., Bittencourt, I. I., & Pontual, T. (2016). Educação criativa: multiplicando experiências para a aprendizagem. Recife: Pipa Comunicação, 1. (Série Professor criativo, IV).

Reimers, F. M. (2020.a). Audacious education purposes: How governments transform the goals of education systems (p. 250). Springer Nature.

Reimers, F. M. (2020.b). Educating students to improve the world (p. 131). Springer Nature.

Sung, Y. H., Kwon, I. G., & Ryu, E. (2008). Blended learning on medication administration for new nurses: integration of e-learning and face-to-face instruction in the classroom. Nurse education today, 28(8), 943-952.

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