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A escola como ferramenta de construção de transformações sociais

A escola como ferramenta de construção de transformações sociais

Por que apenas pensar novas práticas de ensino? Por que não podemos repensar o Brasil a partir de suas escolas?

Desde o final do ano passado, antevendo o final da pandemia e eventual retomada de antigas rotinas, os especialistas em Educação discutem como se dará a retomada das atividades nas escolas. Posto dessa forma, o problema do ensino permanecerá sendo um algo a ser resolvido no setor, nas redes, nas instituições.

Se por um lado a educação tem sua crise, por outro lado, o cenário nacional de desalento e falta de perspectivas futuras de desenvolvimento envelopa essas instituições e parecem sufocá-las em suas realidades. Para mim, é a confluência perfeita de crises para não apenas repensar práticas educativas, mas para reposicionar a educação no centro dos espaços de construção de futuros possíveis para a nação. 

As escolas, de uma forma sistêmica, estão conectadas com as realidades de centenas de familiares, de forma  geográfica, econômica e histórica. Por sua relação com todas essas realidades, elas podem ser os lugares privilegiados para realizar o ensino e construir futuros.

Para além de pensar ou esperarmos por “um projeto de país” ou “um projeto de nação”, que aparentemente não temos (CALLIGARIS, 2021), podemos imaginar cada escola como espaço para criação de bem-estar individual e social a partir de sua realidade.

Neste sentido, as escolas são locais para se pensar as práticas de ensino, os projetos de vida dos jovens, os desafios das comunidades vizinhas, os problemas da cidade, do país e do mundo (SCHEUNPFLUG; ASBRAND, 2006; REIMERS, 2020). 

É perceber as escolas não apenas como centros isolados de formação de crianças e jovens que popularão as cidades com suas competências, mas tornar a escola um centro de reflexão e de preparação deles para a vida que os aguarda, compartilhando com eles desafios urbanos experimentados por suas famílias e vizinhos. 

Pensar a educação local a partir de desafios é tornar a educação mais significativa para quem ensina, para quem aprende e para quem espera por soluções. 

Num sentido mais amplo, e assim como ocorre em muitos países, a participação da comunidade nas escolas é uma grande oportunidade para geração de bem-estar social (RÄTY; KASANEN; LAINE, 2009). Em nosso caso particular, Brasil, onde o senso de unidade nacional como forma de desejo identitário comum parece não existir, não faz sentido adotar práticas uniformizadas para a educação. Nossa identidade amalgamada exige que as localidades construam seus futuros a partir das visões locais. Assim, rompemos duplamente com a lógica modernista de nossa história colonial, pois, reconhecemos as identidades individuais e sociais locais e as tornamos temas curriculares, e evitamos o equívoco da tentativa de implantação de modelos abstratos exógenos e sem sentido (OLIVEIRA; CANDAU, 2010).

Num sentido ainda mais desafiador, seria necessária a própria comunidade participar mais ativamente do cotidiano das escolas. 

Isso significa, buscar saber que escolas públicas próximo de onde vivem, estão engajadas em entender os problemas locais e participar efetivamente de atividades de reflexão e construção de atividades locais. 

Mas, onde estão as escolas? Recentemente o Ministério da Educação publicou o aplicativo Clique Escola, no qual encontramos vasta gama de informações sobre as escolas e dados do IBGE sobre seu entorno.

Referências

CALLIGARIS, Contardo. Hello, Brasil! E Outros Ensaios:: Psicanálise Da Estranha Civilização Brasileira. Fósforo, 2021.

OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; CANDAU, Vera Maria Ferrão. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em revista, v. 26, p. 15-40, 2010.

RÄTY, Hannu; KASANEN, Kati; LAINE, Noora. Parents’ participation in their child’s schooling. Scandinavian Journal of Educational Research, v. 53, n. 3, p. 277-293, 2009.

REIMERS, Fernando M. Educating students to improve the world. Springer Nature, 2020.

SCHEUNPFLUG, Annette; ASBRAND, Barbara. Global education and education for sustainability. Environmental Education Research, v. 12, n. 1, p. 33-46, 2006.

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